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Daniella Coutinho

Como uma boa árbitra, ela diz não ter um time de coração. Daniella Coutinho Pinto, aos 34 anos, é árbitra federada na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Nascida e residente em Feira de Santana, na Bahia, Daniella já vive entre apitos e bandeirinhas desde muito nova. "Meu pai também foi árbitro de futebol, ainda bebê eu era levada aos os jogos com ele. Isso se tornou rotina para mim, minha mãe e meu irmão", conta.
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Começou na carreira aos 17 anos, quando entrou para o quadro de arbitragem da Liga Feirense de Desportos (LFD). Em 2004, Daniella federou-se à Federação Bahiana de Futebol (FBF). Daí só cresceu: ingressou no quadro da CBF em 2008, se tornou aspirante ao quadro da Federação Internacional de Futebol (FIFA) em 2011 e entre 2012 e 2014 pertenceu ao quadro da FIFA, o desejo de qualquer árbitro.
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Chegar ao alto escalão da arbitragem foi motivo de orgulho para Daniella, mas não só para ela. "Desde que escolhi ser ábirta, recebi total apoio da minha família. Sem eles não teria chegado até aqui. Os amigos ficaram orgulhosos e vaidosos com uma amiga árbitra da FIFA!", lembra.
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Para ela, falar da carreira é falar de superação. Daniella garante que nunca se deixou desanimar pelas dificuldades impostas pelo gênero. "Nunca fui inferiorizada, nunca me permiti isso. Sempre internalizei que não seria fácil, então busquei um escudo para tudo que fosse negativo".
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No mundo da arbitragem, é a hora da valorização da mulher. De acordo com Daniella, esse é o melhor momento da área no que se refere à inclusão da figura feminina. "Estamos em um momento surreal, conseguimos conquistar nosso espaço e temos atuado em grandes jogos" garante. "Nos meus 15 anos de arbitragem, vejo esse momento como reflexo de todas as outras mulheres que lutaram por décadas para confirmar o potencial feminino na área".

(FOTO: DIVULGAÇÃO/EC BAHIA/FELIPE OLIVEIRA)
Daniella destaca que esse momento bom que a área vive tem seus responsáveis. Primeiro, as próprias mulheres. "Nos qualificamos tecnicamente, fisicamente e psicologicamente para estarmos aptas nas competições, segura que se não correspondermos, não temos as oportunidade" ressalta.
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No entanto, não exime a responsabilidade das entidades esportivas. "Os dirigentes das instituições nos dão confiança como profissional, não mensuram o fato de que somos mulheres. Clubes jogadores e imprensa passaram a avaliar as nossas características técnicas, sem vincular ao gênero", conta.
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Apesar da boa hora, o passado não foi fácil. "Nesses 15 anos eu precisei desvincular a mulher da imagem do sexo frágil, que desconhece o futebol e suas regras. Em todas as atuações, precisei mostrar sempre mais, pois qualquer equívoco seria motivo para dizer que só podia ser uma mulher".
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Após informar ao árbitro principal a ocorrência de um pênalti, os dirigentes da equipe que cometeu a infração vieram em minha direção e usaram a piores palavras possíveis contra mim, em sua maioria referindo ao fato de ser mulher, e que eu não deveria estar ali. A TV filmou o lance e provou que eu estava certa. Eles precisaram se retratar comigo.
A árbitra acredita que, hoje, as barreiras entre a mulher e o futebol é o desinteresse social. "É nítido que a relação entre a mulher e o futebol precisa de investimento de atenção. A grande barreira é a falta de interesse. Por isso é importante que se desenvolvam projetos para incentivar as mulheres a entrarem no universo do futebol. Existem muitas dificuldades e, infelizmente, muitas delas desistem no meio do caminho", desabafa.
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