
DO GRAMADO AOS BASTIDORES: AS MULHERES QUE DRIBLARAM O MACHISMO NO FUTEBOL DO BRASIL
Ao longo dos anos, a expressão "deu zebra" passou a ser incorporada ao futebol e aos outros esportes. Costumam usar o termo quando o time considerado tecnicamente mais fraco consegue superar as adversidades do jogo e vencer a equipe adversária. No mercado de trabalho dos bastidores do futebol, fora do gramado, as mulheres também vêm dando zebra.
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Por muito tempo o trabalho da mulher esteve limitado às tarefas de casa e cuidado com os filhos. A mudança de cenário aconteceu a partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, que solicitava maior mão-de-obra para suprir a demanda de trabalho enquanto as indústrias se tornavam cada vez mais presentes. Apesar disso, o salário da mulher era inferior ao do homem.
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Esse primeiro passo para a inserção da mulher no mercado de trabalho foi um processo lento, mas importante para a luta feminista pelo direito de trabalhar. No entanto, apesar da necessidade de mão-de-obra, a prioridade da mulher ainda deveria ser os cuidados com o lar. Dessa forma, ou não trabalhavam fora, ou encaravam a dupla jornada. E assim foi por muito tempo.
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De acordo com dados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mulheres economicamente ativas em 1950 era de apenas 13,5%. Desde então, esse número veio crescendo. De 1950 a 2010, a porcentagem de mulheres da População Economicamente Ativa (PEA) passou de 13,6% para 49,9%
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Em 2018, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), que apontam o crescimento do emprego formal no país, o ano passado fechou com 46,63 milhões de vínculos, 349,52 mil a mais do que em 2017. Nesse contexto, o emprego feminino foi o que mais cresceu.
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Essas mudanças só aconteceram graças ao surgimento dos movimentos feministas que lutaram pela emancipação feminina. Esse segmento do movimento teve início no século XIX, na Inglaterra, e buscava a liberdade jurídica da mulher, já que, àquela época, as leis formalizavam as diferenças entre os sexos.
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Dentro desse contexto, os movimentos a favor da emancipação feminina, liderados pelo pensamento de um homem, o inglês a favor do liberalismo Stuart Mill, buscavam o que chamavam de igualdade entre os sexos. Nos tempos atuais, pode-se dizer que essa não é exatamente o termo adequado.
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A igualdade coloca todos em um mesmo patamar, mas não atende às necessidades específicas. É nesse sentido que, hoje, os movimentos adotam o termo equidade, que está ligado ao senso de justiça, não necessariamente à igualdade.
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Equidade é dar a cada um o que é necessário para se manter a igualdade de oportunidades. É por isso que a gente fala que a meritocracia é uma falácia. Como é que eu vou falar de mérito se tenho privilégios que você não tem?

Márcia Teixeira, promotora de justiça e coordenadora do Cento de Apoio Operacional dos Direitos Humanos (CAODH) do Ministério Público do Estado da Bahia.

FOTO: REPRODUÇÃO/GOOGLE
É nesse contexto de busca pela equidade de gênero que muitas mulheres vêm "dando zebra" pelo Brasil jogando contra o machismo estrutural para ocupar os mais diversos cargos nos bastidores do esporte: árbitras, fotógrafas, médicas, jornalistas, assessoras e outras funções que, no passado, não poderiam ser ocupadas por mulheres.
O cenário atual ainda não é satisfatório, mas demonstra que as mulheres já não são mais escravas dos pensamentos sexistas de uma sociedade conservadora que as prendeu dentro de casa, na beira de um fogão. Livres para estudar e trabalhar, hoje elas dirigem com maestria os próprios destinos e, diga-se de passagem, batem um bolão. Clique e conheça!
CLARA ALBUQUERQUE
Correspondente Internacional dos canais Esporte Interativo/Turner em Turim, na Itália
daniella coutinho
Árbitra assistente federada pela Federação Baiana de Futebol
ALÊ XAVIER
Digital Influencer e apresentadora do canal Desimpedidos, no YouTube
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Treinadora e professora de futebol feminino na Bahia
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Fotógrafa das equipes adversárias de Bahia e Vitória de jogos em Salvador
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