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Manuela Avena

Pra quem competia em tudo quanto é esporte quando criança, não podia dar outra. Manuela Maia Avena não deixava nada passar batido nos tempos de colégio: handball, futsal, natação, vôlei, ping-pong, judô.. e hoje, aos 31 anos, é publicitária, especializada em gestão esportiva e vencedora do concurso "Narra Quem Sabe", da FOX Sports, o que lhe rendeu a oportunidade de narrar a Copa do Mundo de 2018.
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Manuela luta pelo espaço da mulher no futebol desde muito nova, como lembra. "Nas lembranças da minha infância, de quando cheguei em Petrolina com cinco anos de idade, eu já jogava bola, eu já tinha o dia da quadra feminina, a gente lutava por isso, já tinha várias meninas que jogavam bola, então, pra mim, sempre foi muito natural".
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Fora da escola, Manuela também acompanhava o pai nos jogos que ele fazia com os amigos. "Sempre que meu pai estava jogando, quando acabava, eu corria e ficava chutando pro gol". Ela comenta ainda que teve a felicidade de ter companheiras pra jogar. "Não tive que jogar com os meninos, como tínhamos muitas meninas, conseguimos jogar", conta.
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Na carreira, começou com a faculdade de publicitária. Mas não tinha como ficar distante do futebol. "Achava que faltava alguma coisa na minha vida e aí eu comecei a fazer uma pós de gestão esportiva", assume. Foi daí que surgiram oportunidades na área do jornalismo esportivo. "Meu coordenador me chamou para fazer uma rádio web e depois acabei sendo contratada para fazer o programa do Bahia.
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Dessa experiência, Manuela foi convidada por Elton Serra para ser repórter da rádio CBN Salvador, onde cobria os adversários de Bahia e Vitória. Àquela época, ela não tinha nenhuma experiência com o jornalismo profissional, mas recebeu a confiança da equipe. Até que a CBN encerrou suas atividades na Bahia.
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"Quando saí, eu tinha começado a estudar Rádio e TV. Esse era um acordo que eu tinha feito com Elton. Continuei estudando, mesmo desempregada, e aí em 2018 apareceu a oportunidade de eu cobrir uma licença maternidade na Rádio Sociedade da Bahia. Foi onde eu fiquei por seis meses e quando eu saí surgiu a grande oportunidade da minha vida, que foi narrar uma Copa do Mundo".
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Manuela foi chamada pela FOX para fazer um treinamento de 45 dias. Ajustou a carga horária de trabalho com o pessoal da Sociedade e foi participar do concurso que lhe daria a chance de narrar a Copa do Mundo.. "Foram dias muito intensos, de muito aprendizado, que eu me dividia mesmo, e foi uma experiência fantástica".
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Éramos seis meninas, uma de São Paulo, três do Rio, uma de Minas e eu representando o Nordeste. No dia 12 de maio [2018] eles revelaram quais as três que iriam narrar a copa do mundo e eu estava entre elas. Fiquei 35 dias no Rio narrando a Copa do Mundo e foi uma das maiores experiências da minha vida, algo impressionante.

Atualmente Manuela não trabalha com o jornalismo esportivo. "Incomoda um pouco o mercado, principalmente aqui em Salvador, é um mercado extremamente machista, que não abre oportunidades para as mulheres. Tudo na vida é preciso de evolução. É você querer transformar uma pessoa em narradora, comentarista etc., basta você querer ensinar essa pessoa, seja ela homem ou mulher. Hoje tá complicado no mercado isso acontecer".
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A falta de oportunidades do mercado para as mulheres reflete inclusive em que consegue entrar. Manuela conta que, enquanto trabalhava em campo, sentia falta de uma colega. "Quando eu comecei na CBN, só tinha eu nos estádios como repórter de campo de rádio. De TV tinha, mas de rádio só eu. E eu procurava uma referência, alguém para trocar figurinhas e não achava", destaca.
Pra mim o mais difícil foi entender que as oportunidades não acontecem. A gente começa a ver que somos um número irrisório; as meninas que jogam têm pouquíssimas oportunidades, não têm como se manter. Eu entendo que a falta de vontade por parte de quem controla tudo isso ainda é grande.
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Para ela, olhar ao redor é ver uma mudança importante, mas ainda falta. "A gente tem pessoas de alto nível no mercado, trabalhando na área, temos pessoas nos representando o tempo todo, isso já acontece, mas ainda em pequeno número". Enquanto isso, ela segue na torcida para que se transforme. " Eu torço muito para que esse número se multiplique porque eu vejo muitas mulheres nas redes sociais, vejo muitas pessoas que não estão na área mas têm muita competência e gostaria de vê-las trabalhando, tendo oportunidades".
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