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Jennifer Sousa, 25 anos, Nilópolis (RJ)

Sou torcedora do São Paulo e moro no Rio de Janeiro. Sempre rola umas piadinhas, principalmente quando saio com camisa do time. Como nem sempre consigo ir ao estádio do meu time por morar longe, vou a bares assistir, às vezes acompanhada, às vezes não.

Isso nunca tinha sido problema, até o dia que estava assistindo uma partida entre São Paulo x Flamengo e alguns flamenguistas que estavam no bar, assim que comemorei o gol do meu time, me xingaram, disseram que eu estava apenas provocando os homens e querendo chamar atenção. Agora eu evito fazer essas coisas sozinha, tento levar meu namorado para assistir comigo.

Eu também escrevo para uma página, a Bendito Seja o Futebol, um projeto de mulheres que escrevem sobre futebol. Uma vez, na faculdade, em uma conversa sobre o projeto, um rapaz que eu não conheço se aproximou do grupo que eu estava. Depois de um tempo ele começou a fazer perguntas óbvias para "testar" se eu sabia mesmo de futebol.

Coisas do tipo "ah, você torce mesmo para o São Paulo? Em que ano foi o primeiro título mundial de vocês?". Eu fingia que não estava ouvindo e ignorava. Depois de um tempo, estávamos comentando sobre alguns lances, o cara teve a audácia de tentar me explicar um determinado esquema tático que eu estava falando há um tempo.

Gabriela Germano da Silva, 25 anos,

Santo André (SP)

Sou palmeirense desde que me conheço por gente. Sempre frequentei estádio, mas sempre com meu pai. Comecei frequentar sozinha de uns três anos pra cá, e é meio assustador estar sozinha em um estádio onde a maioria é homem, principalmente em jogos a noite e de durante a semana (jogos a tarde e de fim de semana tem mais famílias, crianças, mulheres...).

Sempre que eu coloco a camisa pra sair mesmo e estou sozinha, eu sei que vou passar nervoso. Os homens se sentem na liberdade de se aproximar do modo que bem entende, de buzinarem e falarem coisas como "já é gostosa, com essa camisa é bem mais". 

 

Mansplaining acontece direto, de família, amigos da faculdade, namorado.. "Você sabe o que é impedimento?", "Fala a escalação do seu time", "Mas você sabe qual era o time de 1980..." Já ouvi muito o famoso "ah, mas você deve gostar de futebol pra chama atenção de homem.

Em um debate esses dias na academia, um cara falou que eu não devia dar minha opinião, pois eu era mulher e não entendia nada. Já ouvi que minha tatuagem do Palmeiras e o fanatismo é pra chamar atenção de homem.

 

Quando eu dou minha opinião sobre algum time ou algum jogador, algum homem sempre me desmerece. E tem também, infelizmente, mulheres que falam que eu pareço um "macho" por gritar, cantar e amar o Palmeiras.

Clara Casé, 22 anos, Rio de Janeiro (RJ)

Sou Botafoguense, sócio torcedora e frequentadora de estádio desde 2001. Tive que aprender que tinha que me provar muito mais do que todos os homens pra ser minimamente respeitada como “conhecedora e torcedora de futebol”.

Acho que o que mais me irrita é que não te encaram como torcedora, mas sim como um acessório do homem com quem você está. Seja irmão, pai, namorado, sempre pensam que você está ali por ele e não pelo seu amor ao time.

Já ouvi muita coisa em estádio, aqueles comentários baixinhos no ouvido, vários olhares que você fica desconfortável. Uma vez, durante a Libertadores de 2017 um homem efetivamente tentou me agarrar pela cintura em pleno Nilton Santos, enquanto eu estava sozinha comprando uma água no intervalo. Fiz um escândalo e ele acabou sendo levado pelos policiais. Mas é foda sempre sentir medo em algo que é sua paixão.

Beatriz Moraes, 24 anos, Rio de

Janeiro (RJ)

Frequento estádio desde os 8 anos. Mansplaining sempre acontece, mas eu cago. Assédio nunca sofri, mas em algumas confusões nos estádios os caras sempre queriam botar banca em mim e só paravam quando viam que eu estava com meu pai.

Sempre tem alguém pra questionar se eu sei o que é falta, impedimento, pênalti, regras do futebol como um todo. Além de perguntar os nomes do jogadores do time que eu torço.

 Bruna Eduarda, 21 anos, Sete Lagoas (MG)

Desde criança sempre fui apaixonada por futebol, tenho tatuagem do meu time, uma paixão enorme por tudo que envolve. Homens já vieram cantar de galo pra cima de mim falando que não entendo nada, no final sabia mais que ele. Graças a Deus não sofri nenhum assédio nos estádios nem nada do tipo.

Gabrielle Pinheiro, 19 anos, Serrana (SP)

Já cansei de ter que provar que realmente sou botafoguense e acompanho os jogos falando o nome dos jogadores atuais, relembrando épocas de jogadores antigos e etc... Assédio graças à Deus nunca sofri no estádio, talvez porque seja um programa que eu tenho em comum com meu pai e por isso costumamos ir juntos.

Marina Borges, 26 anos, Volta Redonda (RJ)

juliana Stringhini, 26 anos, Osasco (SP)

Já cansei de ouvir bobagens de todos os tipos por causa de futebol, além do mundialmente conhecido mansplanning sobre as regras do futebol, até vencer os caras do trabalho no cartola pra provar que sabia mais do que eles.

 

Uma vez no estádio, estava de calça legging e quando meu time fez gol algum idiota achou que seria legal dizer que adoraria me ver comemorando daquele jeito na cama dele. Agradeço por existirem os movimentos das torcedoras agora pra diminuir um pouco essas situações ridículas que passamos.

Eu nem falo mais que curto e entendo de futebol porque sempre duvidam que eu saiba o que se passa no jogo e já vêm aquelas perguntinhas idiotas: "Fala o nome de jogadores do seu time", "quem é fulano?", "Quantas vezes teu time ganhou tal coisa?", "Qual a classificação do campeonato tal?".

Carol Munaro, 22 anos, Praia Grande (SP)

Um dia gritei, em um jogo,  gritei que era impedimento em um lance e um cara aleatório disse "cala a boca, mulher nem sabe o que é impedimento". No fim das contas o juiz marcou impedimento 🥰 foi lindo.

Patrícia Amaral, 25 anos, Belo Horizonte (MG)

Eu nem falo mais que curto e entendo de futebol porque sempre duvidam que eu saiba o que se passa no jogo e já vêm aquelas perguntinhas idiotas: "Fala o nome de jogadores do seu time", "quem é fulano?", "Quantas vezes teu time ganhou tal coisa?", "Qual a classificação do campeonato tal?".

Fernanda Rebouças, 24 anos, Santos (SP)

Fernanda Rebouças, 24 anos, Santos (SP)

Fui mutas vezes em estádios e nunca sofri assédio (provavelmente porque estava com meu pai/namorado, uma coisa bem machista) mas toda vez que falo que torço pro Corinthians alguém me pergunta “ah é? Qual foi o time de não sei qual ano?”, “me explica o que é impedimento” “vê jogo só por causa dos jogadores bonitos né?”. Todas as vezes eu respondi exatamente o que a pessoa não achou que eu fosse responder. Depois nunca mais tocam no assunto.

Estava usando a camisa do Flamengo enquanto ia assistir o jogo no Maracanã e passou um carro lotado de homens no meu lado berrando o que eles acreditam que seja elogio. A rua estava cheia e eu fiquei mega constrangida.

Josyane Mello, 23 anos, Rio de Janeiro (RJ)

Apito Verde

Impedimentos

Copyright © 2019 | Impedimentos

EXPEDIENTE:

Projeto Experimental

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo

Universidade Salvador (UNIFACS) 2019.2 

Reportagem:

Amanda Souza

Desenvolvimento web:

Amanda Souza

Imagens:

Amanda Souza

Edição:

Amanda Souza

Orientação:

Prof.ª Mariana Alcântara

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